Ao longo deste livro vamos acompanhando a vida de Inés Suárez, uma Mulher espanhola que partiu para o Novo Mundo em 1537 e ajudou na conquista do Chile. É graças a Inês que existe a cidade Santiago e tenho de confessar que para uma mulher, nascida naquela época, que viveu no meio de tanta desgraça e viu tantas coisas terríveis durante as explorações, não se deixou tornar numa mulher amarga. Desenvolveu-se assim numa pessoa forte, bondosa e com uma influência estrondosa. É impressionante ler sobre uma figura tão pouco conhecida, ao meus olhos, mas tão importante. E pensar que nasceu há mais de 500 anos! 

A autora permite-nos ainda conhecer as crenças e os rituais destes povos. Há inclusive um momento onde se explica como um povo protege os seus anciães ao mumificá-los e preservá-los nas suas casas. Bem sei que isto poderá parecer um pouco macabro para a nossa cultura europeia, mas sempre tive curiosidade pelas formas como cada cultura celebra a morte e faz o seu luto. 

Outro momento que me ficou na memória foi a rotina do banho. Muitos dos meus leitores poderão não saber, mas na nossa cultura em pleno século XVI e não só, não era normal tomar-se banho. Poderíamos tomar banho, mas era quase que só em perfume (aqueles que o podiam pagar). Existe uma cena, onde uma senhora do Peru explica que não problema em tomar banho e que isso não é causa para o sangue diluir-se e morrer-se. 

Devo dizer que ao longo do livro são nos descritos episódios horripilantes e que demonstram bem a brutalidade que as tribos sofriam aquando a Nossa exploração. Já é terrível ler o que a Allende nos conta, mas por vezes dou por mim a imaginar ao detalhe o que está escrito e não vos recomendo o mesmo. A escrita de Allende é bastante crua, penso que vai direta aos assuntos e não perde tempo a florear cenas da história para terem um impacto diferente.

Demorei bastante a ler este livro, porque ao contrário dos livros que estou mais habituada a ler, é maioritariamente expositivo. Há assim, muita narração e os capítulos com diálogo são escassos. Apesar de tudo, aconselho-vos a ler se estiverem interessados a ler sobre a conquista do Chile e todas as aventuras com, por vezes, percalços que os nossos exploradores viviam. Para além disto e tendo em conta que o mês de março é o mês da mulher (principalmente no dia 8 de março), seria interessante ler um livro escrito por uma autora sobre uma figura histórica tão relevante.