Para o meu avô

Este Natal não foi bom por múltiplas razões, mas principalmente porque o meu avô acabou por falecer. É verdade que já estava doente há alguns anos e que estava a piorar, mas nunca pensei que fosse acontecer tão rápido...

És um homem tão bom e ensinaste-me tanta coisa. Sempre disseste que tinhas orgulho em mim e que admiravas o facto de quando eu digo não, é porque é mesmo não e raramente mudo de ideias. Sempre esperaste que eu chegasse a casa para almoçar, quer chegasse cedo ou atrasada. Lembro-me que no verão íamos apanhar leitugas para dar aos coelhos e que me ensinaste a andar de bicicleta sem as rodinhas. Quando ias comigo ao Porto, tínhamos de visitar sempre o Bolhão. Via-te trabalhar e achava imensa piada aquelas máquinas todas e como sabias usá-las. Lembro-me de ir buscar contigo o arame para fazer a capoeira e ajudar a montá-la. Os churrascos.... Estavas sempre a sorrir, e lembro-me quando eu, tu e avó nos sentávamos perto da oficina e começavas a cantar um Fado do Hilário e aquela música do Sim maridinho. É assim que me quero lembrar de ti, e é assim que o vou fazer.

Espero que agora estejas melhor, que não sofras e que olhes sempre por mim.